Vitória Martins
O líder indiano Mahatma Gandhi dizia: “seja a mudança que você quer ver no mundo”. Nós, pessoas, somos agentes de mudança. Seja na nossa vida, ou na vida do outro, a transformação é uma escolha. Doar seu tempo em prol de alguém que não conhece é um gesto nobre. Voluntários são pessoas que ajudam a melhoras realidades de vidas. Não dão soluções a longo prazo, mas criam perspectivas.
O que você tem feito para ajudar a mudar a realidade do outro? Sair da zona de conforto para conhecer um ciclo que não é o seu pode ser desafiador; tempo, disposição, força física e mental. Em meio ao cenário onde tudo costuma ser uma troca que visa bens materiais e posição social, abandonar tudo por uma crença pessoal e se dedicar inteiramente ao próximo parece loucura. Para o casal Leticia de Souza Miranda (36) e Eduardo Rezek Filho (41) foi uma questão de necessidade.

Eles se conheceram em um trabalho voluntário realizado no Pantanal e há quatro anos renunciaram a seus trabalhos e carreiras profissionais para se dedicarem integralmente a um caminho de entregas e encontro ao próximo. Letícia é formada em Comércio Exterior e Eduardo em Medicina Veterinária. Juntos, os ‘voluntários no caminho’ (@voluntariosnocaminho) – nome do projeto do casal – viajam em uma Kombi. Mas, com a pandemia, eles precisaram parar e estão há um ano e quatro meses em Corumbá. Letícia conta que eles foram motivados pelo evangelho e pela necessidade da busca de melhorias como seres humanos. O casal é espírita e carrega consigo o lema da religião: “fora da caridade não há salvação”.
O projeto é 100% sustentado através de doações. Sacolões, oficinas, criação de hortas e distribuição de sopões e café da manhã semanais são alguns trabalhos realizados por eles. Mas esse não é o foco principal, diz o casal. “A gente tem uma noção muito clara de que a ajuda que damos é real, mas não é o suficiente para resolver o problema das pessoas. Temos noção de que ninguém vai conseguir suprir isso… A gente busca ter esses artifícios dos alimentos e doações apenas para trazê-los para perto, para que essa socialização faça com que eles busquem outros caminhos”, expressou Eduardo.
Sua fala explicita o quanto o trabalho voluntário é pequeno comparado à proporção gigantesca do problema, ainda mais com a má distribuição econômica. De acordo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem a segunda maior concentração de renda entre mais de 180 países. Atualmente, quase 49,6% da riqueza do país se encontra com o 1% mais rico, ou seja, quase metade do dinheiro do país pertence a uma minúscula parcela da população.
O trabalho voluntário não gera um impacto grande o suficiente capaz de erradicar as mazelas do mundo. Porém, tem efeito na vida daqueles que são ajudados, sejam eles família, animais ou qualquer outro segmento. Políticas públicas, independente do governo que as adote, nunca serão suficientes para extinguir uma raiz tão profunda. Apesar disso, algo ainda precisa ser feito. Então, que comece por nós.
Para isso, é necessário indivíduos dispostos a fazerem algo inicialmente pequeno. Porém, que busquem a grande possibilidade de crescimento. Não individual, mas coletivo. E não se trata de bens materiais. É o contato, a atenção, os laços e as perspectivas que importam. Uma palavra amiga ou incentivo de melhora.
Letícia e Eduardo, assim como outros voluntários, são pessoas que fazem a diferença na vida de centenas de famílias. Não se acomodaram ao ver o problema e somente ignorá-lo. Por meio dos encontros em seus caminhos, buscam por melhorias como pessoas. E enxergaram no amor ao próximo essa possibilidade. Ajudar o outro é uma escolha, e a mudança pessoal e coletiva também!