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Caderno Especial 104

História?


Para iniciarmos a discussão, o mais óbvio seria fazermos uma introdução histórica, certo? Falarmos da criação desse país e expormos a versão registrada, pelos colonizadores, das nossas raízes. Poderíamos considerar 1500 como o início de tudo, ou talvez 1822 com a independência, ou até mesmo 1889 com a instituição da República. Mas o Brasil, ou melhor, Pindorama (veja no glossário), já estava aqui antes de qualquer invasão, chegada ou lógica europeia. Os povos originários já existiam, resistiam e povoavam as terras brasileiras.

Pensar no início do país como um grande território subdesenvolvido, com grandes capacidades e poucos conhecimentos, é o que pregam os conquistadores – até porque ignorar os processos violentos atrelados ao nosso passado é um dos caminhos menos dolorosos – e menos responsabilizadores – quando se pensa em nossa história.

Pensar no início do país como um grande território subdesenvolvido, com grandes capacidades e poucos conhecimentos, é o que pregam os conquistadores – até porque ignorar os processos violentos atrelados ao nosso passado é um dos caminhos menos dolorosos – e menos responsabilizadores – quando se pensa em nossa história.

A história linear apresentada pelos portugueses todos conhecemos bem, a maioria de nós aprendeu na escola. Aquela versão dos que foram violentados não está nos livros, e não costuma ser difundida, fazendo com que grande parte da população não saiba, de fato, tudo o que aconteceu para chegarmos até aqui – nesse Brasil que conhecemos hoje. Um país plural e fruto de um longo processo de reivindicações das classes mais vulneráveis social e historicamente.

Esta reportagem especial que você está lendo não é, de maneira alguma, uma tentativa de contar, cronologicamente, a história do Brasil ou de nosso povo. Muito menos, de ficar batendo o martelo sobre o tema. Nos aprofundamos em pesquisas e entrevistas, e percebemos que precisamos de mais reflexão. Queremos fazer mais perguntas, do que apresentar respostas. Utilizaremos, então, a técnica da provocação, do questionamento, da abertura de portas e janelas para um Brasil que ainda não foi acessado com a atenção que, achamos, que merece. Convidamos vocês para pensarem com a gente.