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Reportagem Fotográfica

A linha de frente da esperança

Reportagem Fotográfica: Alicce Rodrigues | Alice Sawada | Amanda Gonzalez | Giovana Bacarin | Giovanna Montoso


Foto: Alicce Rodrigues

Profissionais de saúde salvam vidas. E dentro de um contexto pandêmico, muitos arriscaram a própria em defesa desse compromisso. Entre abril de 2020 e março de 2021, 622 médicos, 200 enfermeiros e 470 auxiliares e técnicos em enfermagem morreram por complicações com a Covid-19 no Brasil, de acordo com pesquisa feita pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em parceria com a Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).

Fotos: Amanda Gonzalez (esq.), Alicce Rodrigues (centro) e Giovanna Bacarin (dir.)
Foto: Giovanna Montoso
Foto: Amanda Gonzalez

A força de trabalho encontrada pela fotorreportagem durante a vacinação é composta majoritariamente por mulheres. Além de atuarem como peças-chave no combate à Covid-19, médicas, enfermeiras, técnicos e auxiliares, recepcionistas, assistentes sociais e equipes de limpeza trabalham diariamente para garantir que uma dose de esperança chegue à população por meio das vacinas. Neste trabalho, o Projétil acompanhou trabalhadores de quatro Unidades Básicas de Saúde (UBS) e um ‘drive-thru’ em Campo Grande (MS) que atuam no processo de vacinação contra a Covid-19. Cansaço físico e mental, longas jornadas de trabalho e agressões verbais e até físicas foram relatadas pelos profissionais, que já enfrentavam esses problemas antes mesmo da pandemia.

Os sábados geralmente são vazios e os dias da semana lotados. Na UBS Universitário, profissionais reclamam de salas danificadas e poucos servidores para a alta demanda de pacientes. Quando a quantidade de pacientes é baixa, o celular é um dos aliados para passar o tempo – Fotos: Alicce Rodrigues
Fotos: Alicce Rodrigues (esq.) e Giovanna Bacarin (dir.)

Nas UBS, o expediente começa às seis horas da manhã e termina depois das 17 horas. Para aguentar a longa jornada, é quase unânime o consumo de cafeína, comprada pelos próprios profissionais. A pausa para o almoço não é certa, depende da quantidade de profissionais disponíveis e do número de pacientes na fila. Lidar com desinformação e falta de educação são grandes desafios. “Estamos aqui por toda a população, fazendo o nosso serviço da melhor forma possível, todos os dias, em plantões às vezes até de 36 horas. Falta reconhecimento”, afirma a técnica de enfermagem Maressa Martins. Além disso, há profissionais que trabalham enquanto processam o luto após perderem parentes e amigos para a Covid-19.

Foto: Alicce Rodrigues
Foto: Alicce Rodrigues
Para o técnico em enfermagem Guilherme Souza, os dias de vacinação contra a Covid-19 já renderam momentos perigosos. “Faltaram caixas adequadas para o descarte das seringas de vacinas, que além de facilitar possíveis acidentes, aumentam a nossa exposição às doenças.” – Foto: Alicce Rodrigues

Ao longo de 32 anos de existência, o Sistema Único de Saúde (SUS) já aplicou mais de 20 tipos de vacina contra doenças como paralisia infantil, tétano, tuberculose e HPV, entre tantas outras. No caos social instalado com a pandemia da Covid-19, o SUS provou mais uma vez porque é essencial para os brasileiros. Apesar das adversidades, o trabalho dos profissionais da saúde é responsável por possibilitar que o país vá aos poucos voltando à normalidade. Mas quem cuida da população também precisa de cuidados. Melhores ambientes de trabalho, valorização e reconhecimento social, bem como políticas públicas que garantam condições adequadas de atuação são essenciais para o avanço pessoal e profissional deles, e por consequência, de todos aqueles que precisam de seus trabalhos.

Fotos: Alicce Rodrigues
Foto: Alicce Rodrigues