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Editorial

Atípico

Um ano incomum: 2020 merece ao menos ser tratado assim. Poderíamos usar outros adjetivos menos nobres para nomeá-lo, mas isso enfocaria só uma das inúmeras facetas dele.

Turma de Jornalismo responsável por esta edição

A pandemia de Covid-19 é, de longe, o fato mais inusitado e trágico que marca o ano, embora, paradoxalmente, tenha sido nomeada com um sufixo ligado a 2019, ano em que foi inicialmente descrita. Essa é uma doença tão estranha quanto o próprio ano que vivemos. Ela se alastra silenciosamente, pode matar ou deixar sequelas graves, mas pode também nem ser percebida por quem a tiver. Essa é uma característica que, turbinada por ambientes politicamente polarizados, tem levado vários países – entre os quais o Brasil – a uma grave crise de desinformação. O que só agrava o quadro que deveria ser cuidado a partir de parâmetros científicos. A doença já vitimou pessoas midiaticamente famosas, em todas as áreas de conhecimento. Mas levou também amigos e parentes de muitos de nós. No Brasil, até o momento em que redigimos esse editorial, já foram 180 mil mortes. E no mundo, essa trágica soma já chegou a 1,6 milhões de seres humanos.

Mas o coronavírus trouxe muito mais que isso. Ele isolou muitos em casa e fez ampliar sobremaneira a utilização dos meios de comunicação para interagir uns com os outros e mesmo para trabalhar. O que pode ser vivenciado por alguns como algo positivo – a possibilidade de ver um show de seu artista favorito ou a palestra de um especialista sem ter de viajar pra Rio ou São Paulo, ou de trabalhar e estudar sem sair de casa – por outros pode ser encarado de modo bastante negativo, levando inclusive ao isolamento até mesmo dos amigos mais íntimos e à depressão.

A tristeza e o sentimento de impotência, no entanto, têm sido agravados pela ocorrência de outras tragédias, como os incêndios ocorridos nos biomas Amazônia e Pantanal, e que devastaram fauna, flora e o lar de muitas comunidades tradicionais, o que trará consequências que só conheceremos nos anos vindouros.

Buscamos não ser tão influenciados só pelo lado negativo ou pelo sentimento de impotência que abala muitos de nós, para assim poder apresentar também outros vieses. Não é fácil, mas tentamos.

Essa edição contou ainda com uma dificuldade adicional para ser executada: a Covid-19 abalou o próprio interesse de muitos alunos em cursar disciplinas de cunho prático, o que fez a turma diminuir de uma média de 40 acadêmicos nos semestres anteriores para apenas oito. Por isso o jornal está com menos páginas, e por isso também contamos com um número maior de colaboradores externos, aos quais queremos aqui externar todo nosso agradecimento.

Esperamos que nosso breve panorama desse estranho ano ajude a todos a refletir sobre o que vivenciamos.

Boa leitura!