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Opinião 101

Da transformação pelas palavras

Texto: Felipe Arguelho
Edição: Melissa Ramos
Ilustração: Gabriela Couto


Projétil 101, você nasce em um momento atípico. Não quero te causar ansiedade, nem desespero, mas você está inaugurando uma nova etapa na história do jornal laboratório do Curso de Jornalismo da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Vivemos na última edição uma revisitação da sua história e mostramos como você sempre foi marcante e combativo.

A sua missão é dar continuidade à história que já foi escrita… Ah, quase esqueci de te contar que a edição 98 e 99 foi premiada como o melhor jornal laboratório do Brasil, na Exposição de Pesquisa Experimental em Comunicação (EXPOCOM), prêmio estudantil de relevo organizado pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (INTERCOM). Realmente, você não parou e não vai parar. Compor a sua redação é uma experiência inigualável, que ativa em seus repórteres, além dos conhecimentos do fazer jornalístico adquiridos em sala de aula, todos os tipos de sentimentos e emoções.

Posso confessar que já senti ódio por você, uma certa repulsa quando ouvia falar o seu nome. Eu não sabia muito bem o que significava produzir um jornal laboratório, em especial um com a carga do Projétil. Mas, você me proporcionou a experiência de escrever sobre o que eu sou e o que eu vivo. Foi você! E estou te contando tudo isso para que percebas que a sua composição é muito mais do que papel e letras, a sua essência é contar histórias e dar vida à escrita as/aos tantas/os jornalistas em formação que passam por você.

Outro detalhe importante sobre a sua gestão atual, que não posso deixar de destacar, é que sua produção está sendo orientada, pela primeira vez, por duas mulheres. Vou arriscar a dizer que é o único no estado, e elas não ocupam esse lugar por reparação. Elas ocupam porque se dedicam ao ensino da prática jornalística preocupadas, em especial, com a pluralidade e a consciência social. Nessa toada, não por acaso suas edições foram premiadas.

A sua centésima edição fechou uma era. Agora, a partir de você, nasce uma nova. Nasce uma oportunidade de se reinventar; não é preciso fazer o mesmo que aqueles que te antecederam. Esta é a sua história, escrita, editada, diagramada e ilustrada por muitas mãos. Chega a ser engraçado como a nossa vida fica marcada após passar pela sua redação, ao ponto de entendermos que, de alguma maneira, crescemos com você.

A equipe que produz esta nova edição, a centésima primeira, é diferenciada, não foi necessariamente organizada para você, nasceu de uma mobilização para manter as suas duas edições anuais vivas. Isso demonstra a sua importância. Por mais que haja quem diga que o jornal impresso está em decadência e que vai deixar de existir, as suas cento e uma edições resistem e nos provam o contrário.

Num mundo em constante transformação, onde a tecnologia redefine as fronteiras da comunicação e da informação, a sua importância no jornalismo não pode ser subestimada. Os jornais laboratórios, como o Projétil 101, tornam-se faróis de firmeza em meio a essa tempestade de mudanças. Vocês não apenas documentam a história, mas também a moldam, proporcionando uma voz a cada capítulo da vida daqueles que o compõem e aos leitores que folheiam suas páginas.

À medida que olhamos para o futuro, é crucial reconhecer a sua missão de ensinar, inspirar, informar e envolver a sociedade. Os jornalistas, como defensores da verdade, têm o desafio de manter viva a chama do jornalismo de qualidade. Portanto, apoiar e valorizar os jornais laboratório assegura que a próxima geração de repórteres e de escritores possa experienciar a oportunidade de contar histórias significativas, transmitir emoções e dar vida às palavras, perpetuando, assim, o legado da comunicação em constante evolução.