
Arte: Maria Fernanda Martins
Quando os alunos escolheram o tema ‘comunidades’ como eixo da 94ª edição do Projétil, ninguém imaginava como ele se encaixaria perfeitamente ao que estava por vir. Em pouco tempo a pandemia causada pela Covid-19 mudaria drasticamente nossa vida ‘em comunidade’, assim como nossa forma de estudar e praticar jornalismo.
Como o processo de produção das matérias já estava em andamento quando a UFMS decidiu instituir atividades à distância, preferimos nos adaptar a parar, pois isso implicaria em maiores problemas na retomada. Além do mais, traria aos alunos uma experiência próxima à das redações jornalísticas, que também adotaram ‘home office’.
As equipes tiveram que utilizar as ferramentas tecnológicas que dispunham, repensar as entrevistas e, em alguns casos, elaborar novas pautas. O contato com as fontes passou a ser feito por telefone, WhatsApp, e-mail ou videochamada. Não foi algo tão radical, posto que boa parte dos alunos já havia experimentado tais meios. Contudo, esses métodos vêm com barreiras, pois a falta do ‘olho no olho’ limita a percepção dos repórteres e pode prejudicar o desenvolvimento da conversa.
Podemos escrever, criar artes ou ilustrar em qualquer lugar. Mas o contexto que nos cerca impacta diretamente nessas atividades. Assim, os efeitos da pandemia no psicológico dos acadêmicos, para alguns, interferiu na criatividade. A fata da dinâmica de uma redação, simulada em nosso laboratório, também fez falta no processo criativo.
Na fotografia, no entanto, a mudança foi mais radical. Poderíamos até ter tentado ‘fotografar’ a entrevista com capturas da tela do computador, mas isso tornaria as imagens repetitivas e de baixa qualidade. Nossa opção foi, então, contar com o auxílio dos entrevistados, de bancos de imagens gratuitos e fotógrafos com os quais tínhamos contato. Isso alterou o trabalho da equipe. Provocou a necessidade de incorporar às práticas jornalísticas todo um processo de busca de imagens e ‘curadoria’, ou seja, uma seleção organizada dos diversos materiais recebidos.
Não foram poucos os empecilhos, mas isso não significa que o resultado ficou a desejar. Pelo contrário, por mais que o trabalho tenha sido árduo, essa edição nos ensinou que o jornalismo, num mundo conectado, é cada vez mais coletivo. Ele traz em seu bojo novos desafios e demandas, porém auxilia na busca de diferentes soluções e nos permite explorar novos horizontes.
Esperamos que tenham uma agradável leitura.