Texto: Fernanda Sá | Glenda Rodrigues | Maria Gabriela Arcanjo | Murilo Medeiros
Ilustração: Fernanda Sá
O golpe não começou em 1964. A insatisfação militar se inicia com a ascensão de João Goulart, conhecido Jango, ao poder, três anos antes. Jango, que era vice, assumiria a Presidência da República após a renúncia de Jânio Quadros, mas ele estava em viagem oficial na China e militares de alta patente anunciaram que o prenderiam assim que chegasse ao Brasil. A solução para a crise foi o parlamentarismo. Jango entregou poderes a Tancredo Neves, que foi nomeado Primeiro-Ministro. Em 1963 foi realizado um plebiscito e 83% da população escolheu pelo fim do parlamentarismo, Jango voltou a ser um presidente com plenos poderes.
Um ano depois, ele seria deposto. Nesse meio tempo, Jango defendeu a realização de reformas de base (agrária, bancária, administrativa, universitária e eleitoral) e foi visto como radical e comunista por parte da elite brasileira. Dezenas de manifestações populares, chamadas Marcha da Família com Deus pela Liberdade, pediram uma intervenção militar para frear a suposta ameaça comunista.
Mas o presidente manteve-se firme na defesa das reformas. Em 13 de março de 1964, em um comício na Central do Brasil (RJ), ele fez um discurso inflamado, que irritou conservadores. Na véspera do golpe, fez outro comício, desta vez no Automóvel Clube do Rio de Janeiro. Começava aí o período da Ditadura Militar.
A palavra ‘ditadura’ é entendida pelo dicionário Michaelis como “Governo autoritário, unipessoal ou colegiado, caracterizado pela tomada do poder político, com o apoio das Forças Armadas, em desrespeito às leis em vigor, com a consequente subordinação dos órgãos legislativos e judiciários, a suspensão das eleições e do estado de direito, com medidas controladoras da liberdade individual, repressão da livre expressão, censura da imprensa e ausência de regras transparentes em relação ao processo de sucessão governamental”. Em contraposição, a palavra ‘democracia’ é definida como “Forma de governo em que a soberania é exercida pelo povo”.
Durante esse período autoritário da história do Brasil, o poder foi exercido justamente para reprimir o povo. Foram vetados direitos como liberdade de expressão, de locomoção, de imprensa, direito de votar e de ser votado, cidadania, dignidade da pessoa humana, pluralismo político, dentre muitos outros. A tortura foi institucionalizada e os adversários do regime, cruelmente perseguidos.
Esta reportagem começa contando a história de pessoas que sofreram perseguição no sul de Mato Grosso e termina em Mato Grosso do Sul. Em 11 de outubro de 1977, no meio do período ditatorial, o estado de MT foi dividido por uma sanção presidencial de Ernesto Geisel, ditador militar que governava o Brasil. Desde então, a região sul de Mato Grosso é denominada Mato Grosso do Sul.
