Texto: Turma Observatório de Mídia 2023.2
Edição: Sandy Ruiz e Sarah Espíndola
Ilustração: Ana Beatriz Leal
Um registro histórico de qualidade
Lançado em setembro de 1990, um ano após a criação do curso de Jornalismo da UFMS, o jornal laboratório Projétil chegou a sua centésima edição em setembro de 2023. Ao longo de sua trajetória, mais de mil alunos – agora profissionais – atuaram na sua idealização e solidificação, orientados por vários professores. A edição comemorativa, em setembro, fez uma análise e atualização das principais reportagens produzidas nestes 33 anos de publicação. Aqui, os alunos da disciplina optativa Observatório de Mídia formam o corpo de Ombudsman que analisa aquela edição comemorativa em relação aos textos, fotografias, títulos e à visualidade. É uma pequena contribuição para futuras edições. A edição número 100 dá o protagonismo ao próprio jornal e traz a proximidade de sua história ao mundo no qual está inserido.
O texto
A publicação comemorativa apresenta uma estrutura textual diferente das outras edições. O Projétil é exposto como um personagem ativo nas reportagens, em especial, porque as matérias foram revisitações a narrativas contadas em outras edições do jornal. Em “Bilhete de Memória”, os repórteres guiam o leitor por pontos históricos de Campo Grande. Já em “A fé de cada um”, narram suas experiências e impressões com uma nova perspectiva. A figura do repórter e sua inserção como personagem no texto, serve para humanizar as experiências e trazer o leitor para a vivência da escrita. A característica que marca todas as reportagens é a menção ao Projétil 100 e às edições em que as matérias foram originalmente publicadas. O que deixa a desejar é a ausência de fontes femininas na reportagem “A fé de cada um”, que aborda o papel da mulher nas religiões.
A fotografia
As imagens sempre foram presentes e marcantes, sejam ilustrações ou fotografias, e conversam diretamente com o texto. O viés literário e interpretativo fica representado nas colagens e montagens com fotos e ilustrações. Em muitas matérias a produção fotográfica deveria substituir as ilustrações já que estas são subjetivas, deixando o factual e objetivo de lado.
Títulos e outros elementos
Os títulos em sua maioria trazem um jogo de palavras, às vezes envolvendo o título do periódico, outras envolvendo o tema em si. Legendas, olhos e subtítulos variam muito em qualidade. No texto sobre igualdade racial, alguns “olhos’’ não deixam claro se as frases são de entrevistadas ou comentários dos autores da matéria. Nas legendas das fotos não há padronização, os autores descrevem o que está na imagem ou é criado um contexto ou história em conjunto com a imagem.
A visualidade
A análise crítica da centésima edição considerou os princípios básicos do Design Gráfico (contraste, repetição, alinhamento e proximidade) para estudar os parâmetros de visualidade, diagramação e ilustração. A identidade visual foi evidenciada, por exemplo, na paleta de cores proposta para diferenciar editorias temáticas e estilos tipográficos distintos. As páginas possuem grids de três e quatro colunas, diferentes espessuras, organizadas em páginas simples ou duplas. As 40 páginas têm pelo menos alguns dos elementos gráficos combinados com elementos verbais (tipográficos).
Tratando-se de uma edição voltada para recordar as publicações anteriores, o uso dos elementos alternativos fez com que os designs antigos se combinassem com o atual de forma harmônica e atrativa, como na ilustração da capa. Destacam-se, a valorização do espaço em branco e o equilíbrio do contraste entre claro e escuro dos elementos que compõem a mancha gráfica, respeitando os critérios de leiturabilidade e os princípios da Comunicação Visual apontados inicialmente.