Mulheres idosas carregam histórias guardadas no corpo. Paixões, vivências e alegrias que as tornam quem são na velhice
Texto: Bruna Melo | Maria Clara de Assis
Os cabelos grisalhos ou pintados guardam histórias que transformam as mulheres idosas em quem são. A autoestima balançada pelos anos passados continua em cada linha do corpo delas, agora em traços um pouco diferentes. Tornaram-se mulheres diferentes do que eram quando tomaram consciência do que poderiam ser. A paixão pela vida é o que une essas cinco mulheres que vocês vão conhecer agora. A alegria de viver as mantém ativas. Muito além da velhice, elas são as personagens principais de suas próprias vidas.



Floriza Maria Silva, 72 anos, é natural de Fátima do Sul – MS, e conta que nunca gostou muito de aparecer em fotografias. A relação com a autoestima sempre foi difícil. Essa dificuldade é encarada por ela de maneira natural aliada a suas paixões da vida. Não sabe exatamente quando aprendeu a tricotar, mas aprendeu sozinha, à base de tentativa e erro, e nunca mais parou. Assim como conversar, desde que começou a falar, Floriza não parou mais.



Ninguém diz eu te amo, como Izabel Casemiro, 80 anos, diz para a cor verde. Seu grande amor é o clube de futebol Palmeiras. Segundo ela, as mulheres gostam de futebol, ainda mais senhoras. A torcedora não perde um jogo, mesmo depois de sete décadas de vida. Nascida no distrito de Água Fria, em Maracaju, interior de Mato Grosso do Sul, Izabel gosta da vida boêmia, assistindo aos jogos do time do coração acompanhada de uma cerveja gelada.



Com um sorriso caloroso, Marlene Ribas Vasquez diz a idade que tem: 70 anos completados em julho. Assume que existem dias que não se sente bem com ela mesma, mas afirma: “eu me amo, e se eu me amo, eu tenho que me cuidar”. Gosta de tingir os cabelos, segue dicas de moda para fazer combinações de roupas, e passa sempre um “batonzinho” para combinar com mais outro sorriso caloroso. Acredita que a maior beleza está no interior das pessoas. É a própria admiradora de sua personalidade solidária e bem-humorada.


Olhando registros de fotos antigas, Isabel Alves, 71 anos, mostra para a neta a fotografia que o marido usa no celular. Ela se casou aos 19 anos e afirma que naquela época todas queriam ser a noiva mais linda. A foto que ela segura mostra o véu de três metros usado no dia do casamento. A família construída ao lado do esposo Moisés e das quatro filhas é o ponto de apoio para que se sinta bem e lembre todos os dias da beleza da vida que vive. De salto e vestido, Isabel exibe sua essência, que se mantém a mesma da época da fotografia do papel de parede do celular de Moisés.



Ivete Nogueira, 90 anos, se arruma e sai caminhando para onde quer ir. Desde sempre é independente e conta que gosta que seja assim, mesmo que os filhos e netos lhe ofereçam apoio. Ela é apaixonada por batom vermelho, viagens, bingo e boas amizades. Acredita que uma das melhores bases construídas na vida das mulheres é a amizade. Durante oito anos, Ivete ia religiosamente para a casa de sua melhor amiga, todos os dias, para passar a tarde e dormir lá. A rotina das duas envolvia longas conversas, tapetes de crochê e sessões de beleza quando se encontravam. A amiga hoje já partiu, mas Ivete lembra com carinho e continua a rotina, agora, sozinha.