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Opinião 95

Silenciosa e intensificada pela pandemia

Texto: Gabriella Gomes l Waldir Rosa
Ilustração: Gabriel Brito


Tristeza profunda, sentimento de dor, insônia, mau humor, desencanto,desesperança, baixa autoestima. O que no passado muitas pessoas tratavam como ‘’frescura’’ hoje é compreendido como doença. Em 2017 a depressão foi intitulada como o mal do século, e são muitos os fatores que podem ocasioná-la, sendo um dos mais atuais a pandemia provocada pelo Coronavírus (COVID-19). Depressão é uma doença silenciosa. Ou melhor quem a tem se silencia, se encolhe, se vê insignificante. A OMS ressalta que o número de pessoas no mundo com depressão até janeiro deste ano era de 700 milhões, e boa parte sequer tem conhecimento da doença ou acompanhamento médico. Mas essa quantia tende a aumentar, já que a OMS prevê que cerca de 350 milhões de pessoas venham a apresentar algum sintoma de depressão até o final de 2020. São muitos os problemas desenvolvidos pela depressão: ansiedade, distúrbios psicológicos, mentais, alimentares, compulsividade, dependências, além de turbilhões de pensamentos que levam a comportamentos indiferentes e persistentes. Mas o maior problema entre tudo isso é que ainda é pouco decodificado pelas pessoas em volta e até mesmo pela própria pessoa.

Uma das principais consequências que a depressão pode trazer é o suicídio na busca pelo alivio de todos os conflitos que a doença traz. Segundo dados da OMS, uma pessoa se mata no mundo a cada 40 segundos, boa parte deles podendo estar relacionada à depressão.
Mas é importante relatar que existe como minimizar a atuação da depressão por meio de tratamentos que hoje são disponíveis na rede pública, privada e até mesmo em ONG’s, ou instituições religiosas.
Porém o que dificulta esse processo é a negação ou a desconsideração dos familiares ou pessoas em relação aos sinais apresentados. O primeiro passo é sempre reconhecer a necessidade de ajuda para que ela seja buscada e possa sanar todos os problemas que podem ser gerados pela depressão.

Há quem diga que depressão não tem cura, mas também existem muitos relatos de pessoas curadas, afinal é uma doença que surge no decorrer da vida e às vezes é até causada por conta de traumas ou perdas.
Durante a pandemia a saúde mental de todas as pessoas foi colocada à prova, com a mudança na rotina, isolamento social, crise econômica acarretando em problemas financeiros e familiares. Isso fez com que algumas pessoas desenvolvessem diversos distúrbios que levam à depressão. Com o período da quarentena se prolongando, os casos de depressão tiveram um aumento de 4,2% para 8,0% e a ansiedade passou de 8,7% para 14,9% entre março e abril desse ano, no Brasil de acordo com uma pesquisa realizada pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Mas o que chama atenção é que 47% da população não sabe quase nada sobre a depressão, afirma uma pesquisa realizada pelo IBOPE em 2019. Muitas pessoas tem a doença e não a identificam, mesmo ela causando incapacidades e contribuindo para o aumento de diversas doenças que costuma atingir de forma significativa mais as mulheres.

Além da genética, a flutuação hormonal das mulheres torna o sexo feminino mais propenso a doença, afirma um estudo realizado na Universidade da Califórnia nos Estados Unidos, publicada em 2019 o estudo detalhou a fundo o desenvolvimento da doença entre homens e mulheres e apontou que as mulheres realmente são mais favoráveis a apresentar sinais e a depressão em si, mas que após a menopausa as condições se igualam entre homens e mulheres.

O aumento de casos de depressão depois do início da pandemia gera grande preocupação. Já que a doença, além de afetar o convívio familiar, afeta o convívio nas outras áreas da vida como a profissional.